quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Assunção de Maria


"Et datae sunt mulieri duae alae aquilae magnae, ut volaret in desertum in locum suum, ubi alitur per tempus et tempora et dimidium temporis a facie serpentis." (Apocalypsis Ioannis, XII, XIV)

“Foram dadas à mulher duas asas de uma grande
águia, a fim de voar para o deserto (...) fora da
presença da serpente” (Apoc. 12,14).



Carissímos irmãos e irmãs, saudações em Cristo.

A Assunção de Maria Santíssima é dogma de fé, e foi definida pelo Papa, o único que possui as chaves dadas por Cristo para ligar e desligar na terra e no céu.

Esta verdade decorre da sua natureza preservada do pecado, pelos méritos de Cristo.

Pois se a morte é castigo pelo pecado, quem foi preservado do pecado não deve morrer: "Eis por que, assim como por um só homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado, a morte, assim a morte atingiu a todos os homens:" (Romanos V, 12).

Maria Santíssima, única criatura humana concebida sem pecado, foi portanto preservada da morte e levada por Deus aos céus em corpo e alma.

Curioso que os protestantes reconhecem que Deus levou Enoch e Elias ao céu sem que tivessem morrido, mas não aceitam que o mesmo possa ter ocorrido com Nossa Senhora.

São Paulo nos fala de Enoch: "Pela fé, Henoc foi levado, a fim de escapar à morte e não foi mais encontrado, porque Deus o levara (...)" (Hebreus, XI,5);

O livro de Reis fala de Elias, que subindo num carro de fogo, foi arrebatado por Deus, em corpo e alma. (II Reis, II, 1-11)

Na liturgia (um dos locais onde a Tradição é encontrada) encontra-se o culto da Assunção desde o século VI no Oriente. Em Jerusalém, comportava uma procissão ao túmulo da Virgem. Esta procissão estendeu-se à Constantinopla. Em Roma, do século VII ao XVI constituía uma das procissões de ladainhas e tinha lugar na basílica de Santa Maria Maior.

S. Jerônimo afirma que Maria subiu ao Céu no dia 18 das calendas de Setembro [15 de Agosto]: Se alguns dizem que quem ressuscitou na mesma época que Cristo conheceu a Ressurreição perpétua, e se alguns acreditam que João, o guardião da Virgem, teve sua carne glorificada e desfruta da alegria celeste ao lado do Cristo, por que não acreditar com mais forte razão que o mesmo acontece com a mãe do Salvador? Aquele que disse: "Honre seu pai e sua mãe" (Êxodo XX, 12), e "Não vim destruir a lei, mas cumpri-la" (Mateus V, 17), certamente honrou Sua mãe acima de todas as coisas, e por isso não duvidamos que o mesmo aconteceu com a bem-aventurada Maria.

S. Agostinho não só afirma a mesma coisa, como também dá três provas disto:

A primeira é que a carne de Cristo e a da Virgem são apenas uma: Já que a natureza humana está condenada à podridão e aos vermes, e que Jesus foi poupado desse ultraje, a natureza de Maria também está imune a isso, pois foi nela que Jesus assumiu a sua natureza.

A segunda razão é a dignidade de seu corpo: O trono de Deus, o leito nupcial do Senhor, o tabernáculo de Cristo, deve estar onde Ele próprio está, pois é mais digno conservar este tesouro no Céu do que na Terra.

A terceira razão é a perfeita integridade de sua carne virginal. Ele diz a propósito: Alegre-se, Maria, de uma alegria indizível em seu corpo e em sua alma, em seu próprio filho Cristo, com se próprio filho e por seu próprio filho, pois a pena da corrupção não deve ser conhecida por aquela que não teve sua integridade corrompida quando gerou seu filho. Será sempre incorrupta aquela que foi cumulada de tantas graças, que viveu íntegra, que gerou vida em total e perfeita integridade, que deve ficar junto daquele a quem carregou em seu útero, a quem gerou, aqueceu, nutriu. Maria, mãe de Deus, nutriz escrava de Deus.

Por tudo isso não ouso pensar de outra maneira, seria presunção dizer diferente. Ela foi levada ao Céu alegremente, como diz o bispo e mártir S. Geraldo em suas homilias: Neste dia os Céus receberam a Bem-Aventurada Virgem alegremente com os Anjos regozijando, os Arcanjos jubilando, os Tronos animando-se, as Dominações celebrando-A em cânticos, os Principados unindo suas vozes, as Potências acompanhando com seus instrumentos musicais, os Querubins e os Serafins entoando hinos, e todos conduzindo até o elevado trono da divina Majestade (Lucas I, 67).

Portanto, essa é uma crença imemorial e lógica que, no tempo certo, a Igreja resolveu explicitar.

E há quem me pergunte: "Fábio, e aquela antiga tradição da Igreja que fala sobre a morte de Maria, assistida pelos Apóstolos?"

A hipótese da morte de Maria seria por uma questão de conveniência, frente à própria morte de Cristo enquanto homem, não por uma necessidade de fundo ontológico.

Pax Domini!



Fábio Valentim.


1 comentários:

Só pra título de curiosidade, o livro metafórico Apocalipse trata a Igreja universal(refiro-me aos que são igreja em Cristo, não a denominação) com a palavra mulher, sensatez e estudo lhe levarão a um patamar cristão mais coerente quanto ao que e pregado por vocês.

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