Nome: Jdhosy
Local: Santarém-Pará
Religião: Teísta, independente de denominações religiosas.
Escolaridade: Nível superior incompleto
Profissão: Assistente administrativo
Fábio,qual é a resposta da Igreja para a pergunta que não quer calar:"Quem criou o mal ,e com que propósito deu origem a tamanha atrocidade para a vida do homem?"
Caríssimo Jdhosy, salve Maria!
A sua pergunta pode ser realmente cabulosa para a maior parte das pessoas, porém o que a torna problemática é a nossa compreensão de que o mal tenha em suas particularidades princípios próprios, tratando-se das propriedade do mal, as ações más são aquelas em que o bem almejado é desproporcionado ao seu fim último.
Na obra O Livre Arbítrio de Santo Agostinho no capítulo 1 está escrito sobre esta questão, diz o doutor que tomamos termo mal em dois sentidos:
1- Ao dizer que alguém praticou o mal;
2- Ao dizer que alguém sofreu algum mal.
E partindo deste principio ele diz:
“Pois bem, se saber ou acreditas que Deus é bom – e não nos é permitido pensar de outro modo - , Deus não pode praticar o mal. Por outro lado, se proclamamos ser ele justo – e negá-lo seria blasfêmia -, Deus deve distribuir recompensas aos bons, assim como castigos aos maus. E por certo, tais castigos parecem males aqueles que os padecem. É porque visto ninguém ser punido injustamente – como devemos acreditar, já que, de acordo com a nossa fé, é a divina Providência que dirige o universo -, Deus de modo algum será o autor daquele primeiro gênero de males a que nos referimos, só do segundo”. (O Livre Arbítrio, Santo Agostinho Cap. 1, v.1) - atenção aos meus grifos.
Vejamos, porque Deus não nos criou em um mundo sem o mal?
Deus sendo absolutamente bom, sábio e justo quis livremente criar o mundo “em estado de caminhada” para sua perfeição ultima. O erro neste caso está em crer que o mal tenha um princípio próprio. Porém, o mal tem origem no próprio bem. Apartir do instante ocasional em que o bem é rejeitado a oposição naturalmente causa um mal, assim como nas leis da física o que para nós é o conhecimento do frio ou da escuridão, na verdade é a ausência do calor e da luz, que por sua vez são verdadeiramente conhecidos, existentes e possíveis de ser estudados; E nessa analogia de oposições vemos que o mal é a ausência da boa pratica das leis estabelecidas por Deus que é absolutamente bom, sábio e justo.
Com intenção paterna e puramente amorosa Deus distribui recompensas ao bons confirmando a vontade de criar um mundo “em estado de caminhada” para sua perfeição ultima. Não sei se você ainda não percebeu mas isto é um resultado do estabelecimento da Justiça, não podemos nos esquecer que Deus além de bom é também justo e o homem anseia por justiça. Portanto tendo Deus criado o bem, quando o homem pratica o bem almejado desproporcionado ao seu fim último e feito mal, ainda assim esse mal nunca poderia existir com a autorização de Deus se não fosse para resultar a um próprio bem.
“Pois o Deus todo-poderoso..., por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar o bem do próprio mal” (Sto. Agostinho, Enchir. 3,11)
“Não fostes vós, diz José a seus irmãos, que me enviastes para cá, foi Deus;... o mal que tínheis a intenção de fazer-me, o desígnio de Deus o mudou em bem a de ... salvar a vida de um povo numeroso” (Gn 45,8;50,20)
Temos então o entendimento de porque Deus não criou um mundo privado do mal, porque se assim o priva-se provavelmente a desordem legislativa recorreria a uma problemática do bem, da justiça e da paternidade.
Espero assim, tê-lo ajudado caro Jdhosy.
Dominvs vobis
Fábio Valentim.
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